“Enquanto nós discutimos soluções no varejo, o governo arranja problemas no atacado” Franco G. Rovedo, escritor
De acordo com o IBGE, o PIB do comércio encolheu 8,9% em 2015 ante o ano anterior, sendo este desempenho mais puxado pelo setor atacadista do que pelo varejista. O comércio atacadista abarca segmentos do varejo ampliado, que incluem veículos e material de construção, cujas vendas foram menores no ano passado. Não à toa, o PIB do comércio teve o pior desempenho da série atual do IBGE, iniciada em 1996.
Conforme pesquisa da ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), apurada pela FIA (Fundação Instituto de Administração), o faturamento do setor atacadista e distribuidor cresceu 0,44% em termos nominais em 2015 na comparação com o ano anterior. O resultado ficou em linha com as expectativas da entidade, de estagnação em termos nominais. (Fonte: EXAME.com).
O mercado acionário brasileiro possui 23 companhias abertas do setor de Atacado e Varejo, a saber: AREZZO, B2W VAREJO, BOMBRIL, BR PHARMA, DIMED, DUFRY AG, GUARARAPES, GRAZZIOTIN, HYPERMARCAS, LE LIS BLANC, LOJAS AMERIC, LOJAS HERING, LOJAS MARISA, LOJAS RENNER, MAGAZINE LUIZA, MINASMAQUINA, NATURA, P.ACUCAR-CBD, PROFARMA, RAIADROGASIL, SARAIVA LIVR, VIAVAREJO e WLM IND COM. Do total das receitas líquidas de 2015, apenas 5 destas companhias representam 70% do setor: P.ACUCAR-CBD , DUFRY AG, VIAVAREJO, LOJAS AMERIC E B2W DIGITAL.
De 2014 para 2015, estas empresas no conjunto tiveram um crescimento de receita abaixo da inflação, queda significativa de 21% na geração de caixa medida pelo EBITDA, redução violenta nos resultados líquidos de 86%, aumento grande de 33% no endividamento líquido, atingindo em 2015 uma relação elevada de quase 8:1 entre a dívida líquida e o EBITDA, além de queda de 8ppt na taxa de retorno para o acionista (ROE), que no último ano ficou pouco acima de 1% no agregado. A tabela seguinte ilustra os grandes números do setor na comparação dos totais dos últimos dois anos das 23 empresas do setor.
Comentários Finais:A queda do consumo provocada pela crise econômica brasileira junto com aumento dos juros levou muitas empresas do varejo a recorrer à recuperação judicial na tentativa de não fechar as portas. O caso mais emblemático foi o da Rede Leader (7 mil funcionários, 200 lojas em 8 estados) que, com dívidas de R$1bilhão encerrou 2015 com prejuízo de R$200milhões, sendo vendida pelo preço simbólico de R$1 para Fábio Carvalho, dono de 49% da Casa & Vídeo, que tornou-se dono de 100% das ações da Leader através da Legion Holdings.
Outras gigantes do setor também enfrentam sérios problemas financeiros: o Grupo Pão de Açúcar teve uma queda de 118% de resultado líquido de 2014 (lucro de R$1,76bilhões) para 2015 (prejuízo de R$314milhões); a Dufry AG teve uma queda de 157% de resultado líquido de 2014 (lucro de R$214milhões) para 2015 (prejuízo de R$123milhões); a Via Varejo, dona de Casas Bahia e Ponto Frio, teve uma queda de quase 100% de resultado líquido de 2014 (lucro de R$938milhões) para 2015 (lucro de R$3milhões); o Magazine Luiza teve uma queda de 151% de resultado líquido de 2014 (lucro de R$129milhões) para 2015 (prejuízo de R$66milhões). O setor em bolsa teve uma queda de 86% no total de resultados líquidos de 2015 para 2015.
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Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro Certificado.