“Para quem tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível: eles já comeram”
Bertolt Brecht - dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX
Em Set/2016 publicamos um artigo sob o título “Setor de Alimentos e Bebidas: Crescimento das vendas, queda nos resultados e aumento da dívida” onde mostramos o desempenho desse setor com base nos balanços do 1º semestre de 2016. No presente artigo atualizamos o desempenho do setor com informações dos balanços do ano de 2016.
O mercado acionário brasileiro possui atualmente 17 companhias abertas do setor de Alimentos e Bebidas. Em 2016 essas empresas totalizaram R$290 bilhões em receitas líquidas, aumento de 3% em relação a 2015. A líder do setor em bolsa em receitas é a JBS com R$170 bilhões (aumento de 5% em relação a 2015), seguida de AmBev (R$46 bilhões) e BRF (R$34 bilhões). Juntas essas 3 companhias representam 86% do setor.
Pela ótica dos resultados as companhias do setor totalizaram no acumulado R$14 bilhões, queda de 33% em relação a 2015. A líder foi a AmBev com R$13 bilhões (leve aumento de 2% em relação a 2015), seguida de MDiasBranco com R$784 milhões (aumento de 30%) e JBS com R$707 milhões (queda violenta de 86% em relação ao ano anterior). Sete companhias do setor tiveram prejuízo em 2016, sendo o maior o da Marfrig com um resultado negativo de R$633 milhões.
O desempenho do setor pode ser observado pelo quadro abaixo: vendas crescendo abaixo da inflação, queda expressiva dos resultados e relação Dívida Líquida/EBITDA em nível elevado. Consideramos as médias de margem líquida e retorno do acionista (ROE) para ilustrar o desempenho do setor como um todo.
Uma questão preocupante é que apenas 10 companhias controlam praticamente todas as grandes marcas de comidas e bebidas do mundo. São elas: Nestlé, Pepsico, Coca-Cola, Unilever, Danone, Mars, Mondelez, Associated British Foods, Kellogg’s e General Mills. Estas empresas empregam centenas de milhares de funcionários e geram uma receita de centenas de bilhões de dólares todos os anos.
De modo a incentivar as empresas a fazerem mudanças positivas para a sociedade, e para que os consumidores entendam qual marca é controlada por qual empresa, a Organização Não Governamental Oxfam criou um site em que ranqueia cada uma delas de acordo com fatores como responsabilidade social e ambiental, assim como, a transparência para com o mercado. A ONG elaborou ainda, um infográfico que mostra o quão conectado cada produto está com os demais. (Fonte: Infomoney).
Comentários Finais
Segundo a ABIA (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação), dentre as indústrias de transformação a de alimentos e bebidas é a maior, com R$551 bilhões em valor bruto de produção (VBPI – IBGE/PIA 2014). Com 32,5 mil empresas, é também o setor que mais emprega: 1,6 milhão de funcionários. As exportações mantiveram crescimento no ano passado e fecharam em US$ 36,4 bilhões, contra US$ 35,2 bilhões em 2015. A participação do setor de alimentos e bebidas no saldo da balança comercial brasileira foi muito significativa. Em 2016, o setor contribuiu com saldo de US$31,5 bilhões para o superávit total da balança comercial do País, que foi de US$47,7 bilhões. De acordo com a pesquisa conjuntural da ABIA, a produção teve queda de -0,96% em 2016, enquanto que em 2015, ficou em -2,9%. As vendas reais também apresentaram melhora e foram de -2,73% para -0,63%. (fonte: ABIA).
Outra tendência observada no segmento de Alimentos é a preocupação com a saúde e o bem-estar. O brasileiro está cada dia mais ligado em questões de “saudabilidade”, sustentabilidade e simplicidade. Em 2015 o mercado de alimentação saudável movimentou R$80 bilhões e deve movimentar R$109 bilhões até 2019. Nos últimos cinco anos, as vendas nesse setor dobraram. Um ótimo nicho para quem deseja investir. (Fonte: Consultoria Euromonitor).
A SABE Consultores tem a missão de “organizar informações financeiras sobre as empresas brasileiras e torná-las acessíveis e úteis” e acredita que as empresas conscientes atuam de maneira a criar valor não só para si mesmas, mas também para seus clientes, colaboradores, fornecedores, investidores, comunidade e meio ambiente ou usando o jargão do momento para seus “stakeholders”.
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Aproveite para deixar o seu comentário ao final desta página sobre este Artigo. Luiz Guilherme Dias é Sócio-Diretor da SABE Consultores, Consultor de Empresas e Conselheiro Certificado.