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Mineração – Futuro incerto no campo jurídico
04/07/2018O futuro de algumas das maiores operações de mineração do mundo continua incerto depois que o rompimento fatal de uma barragem ajudou a transformar o escrutínio corporativo relativamente leve do Brasil em um campo minado jurídico. O desastre de 2015 na mina de minério de ferro da Samarco, que deixou 19 mortos, precipitou uma enxurrada de questões legais e desafios para o empreendimento da Vale e da BHP Billiton, que continua fechado.
A reputação da mineração no Brasil ficou ainda mais manchada neste ano, quando um suposto vazamento de águas residuais na maior refinaria de alumina do mundo, de propriedade da Norsk Hydro, que tem sede em Oslo, levou a uma redução de 50% da produção por ordem judicial. (Fonte: Bloomberg)
A atividade mineral representa 4% do nosso PIB e gera cerca de 200 mil postos de trabalho. A expectativa do governo federal é elevar essa participação para 6% do PIB ao longo dos próximos anos. Cálculos do Instituto Brasileiro de Mineração apontam que os investimentos no setor devem atingir US$ 19,5 bilhões entre 2018 e 2022.
O Setor de Mineração é composto por apenas quatro companhias abertas com ações na bolsa. A Vale representa praticamente todo o setor, considerando somente as empresas da bolsa. Segundo os números dos balanços de 1T2018, duas companhias tiveram prejuízo: CCX Carvão e MMX Miner. O setor como um todo teve um lucro acumulado no 1T2017 de R$ 8 bilhões contra um lucro acumulado no 1T2018 de R$ 5,3 bilhões, queda expressiva de 34%.
A Vale sozinha detém 98% das receitas. O total das receitas no 1T2017 foi de R$ 27 bilhões contra R$ 28 bilhões no 1T2018, representando um aumento nominal de 4,7%.
Em termos gerais, o desempenho como um todo das companhias abertas do Setor de Mineração no 1T2018 foi muito fraco: receitas cresceram apenas 4,7%, EBITDA caiu 16% e os lucros encolheram 34%, devido à forte influência da Vale. A alavancagem financeira medida pela relação anualizada dívida/EBITDA subiu 2,4%, atingindo o nível de 2,8x no 1T2018. O ROE (retorno do acionista) anualizado caiu 9 pontos percentuais, e alcançou 14% no 1T2018, também influenciado por Vale.
- Comparação do Desempenho do 1T2018 X 1T2017
O maior crescimento em vendas no 1T2018 contra igual período em 2017 foi da Magnesita (+28%). O aumento expressivo de EBITDA também veio da Magnesita (+175%). Com relação às variações de lucros, somente a Magnesita teve seu lucro aumentado (+104%); o lucro da Vale caiu 35%.
Quanto ao endividamento, observamos redução da dívida líquida da Vale (-14%) e CCX Carvão (-5%). Entretanto, sob a ótica do nível da relação anualizada dívida/EBITDA, destacamos a queda de 62% na alavancagem da Magnesita; a Vale aumentou seu grau de endividamento em 2,7%, apresentando um nível equilibrado de dívida de 2,8 vezes no 1T2018.
- Destaques Positivos e Negativos
Pela comparação dos números dos balanços do 1T2018 versus 1T2017, o destaque positivo é atribuído à Magnesita pelo seu bom desempenho: crescimento da receita (+28%), aumento expressivo do lucro (+104%) e da geração de caixa medida pelo EBITDA (+175%), além da forte redução da alavancagem financeira (-62%). Além disso, a Magnesita ofereceu o maior ROE (20%) do setor em bolsa aos seus acionistas, representando um expressivo aumento de 10 pp em relação ao 1T2017.
Os destaques negativos são atribuídos à CCX Carvão e MMX Miner por conta dos prejuízos e dos passivos a descoberto nos dois trimestres analisados, com consequente deterioração das suas margens e retornos.
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Luiz Guilherme Dias
SABE | Inteligência em Ações da Bolsa